Data: 08/12/2025

A reciclagem animal no Brasil representa, hoje, o reaproveitamento de 99% dos resíduos de acordo com a ABRA, Associação Brasileira de Reciclagem Animal. Além da utilização das proteínas para produção de ingredientes em pó destinados à nutrição animal, a gordura proveniente do processo também pode ser reaproveitada.

Neste artigo, vamos entender como funciona o ciclo da gordura animal dentro da cadeia produtiva, como ele fomenta à economia circular e o destino e função do ingrediente quando destinado à nutrição animal.

Veja os tópicos a seguir:

Do subproduto ao ingrediente

O ponto de partida do ciclo é o processamento de matérias-primas de origem animal. Após a separação dos tecidos no abate, os subprodutos não comestíveis (vísceras, gorduras, carcaças) passam por um processo controlado de cozimento e estabilização. O resultado é um óleo/gordura de origem animal com elevado valor nutricional, rico em ácidos graxos essenciais e de alta digestibilidade, capaz de atender às exigências de diferentes espécies e fases produtivas quando aplicado em dietas animais.

Esse reaproveitamento da gordura animal representa um avanço significativo na finalidade atribuída aos subprodutos: deixam de ser resíduos descartados, e são aproveitados como recursos valiosos que podem retornar à cadeia com novas funções e benefícios.

A indústria de reciclagem animal no Brasil possui mais de um século de história, com suas primeiras operações industriais voltadas ao processamento de subprodutos como vísceras, carcaças e ossos. Ao longo do tempo, a reciclagem passou a ganhar relevância, sobretudo por fomentar a economia circular.

Economia circular e sustentabilidade na prática

A economia circular é a proposição de um modelo de produção em que nada se perde, tudo é transformado. No que diz respeito à gordura animal, o bioaproveitamento dos subprodutos evita o descarte em aterros e reduz o desperdício.

Além disso, ao ser reintroduzida na cadeia como ingrediente, a gordura processada contribui para a redução do ciclo do carbono, evitando que esse material seja descartado de forma inadequada e colaborando para mitigação os efeitos do aquecimento global.

A gordura animal produzida da MBRF Ingredients, por exemplo, é produzida a partir de matérias-primas frescas de aves e suínos, como miúdos e retalhos de carne.

O ingrediente pode ser utilizado em rações e suplementos nutricionais para diversas espécies, Suinocultura, Aquacultura e Pets, proporcionando benefícios nutricionais.

Quando aplicado a dietas de Animal Nutrition, melhora a palatabilidade das rações atua na absorção de vitaminas lipossolúveis.

Qual a relação da gordura animal com biodiesel

O biodiesel é um biocombustível obtido por meio da reação de gorduras animais ou vegetais com álcool, em um processo químico conhecido como transesterificação. No Brasil, as principais matérias-primas utilizadas são óleos de soja, milho, girassol, amendoim, algodão, canola, mamona, babaçu, palma (dendê) e macaúba, além de óleos residuais e gorduras provenientes de abates animais, o uso do biodiesel no óleo diesel de origem fóssil contribui para redução das emissões de poluentes, contribuindo para uma matriz energética mais sustentável e para a melhoria da qualidade de vida da população. De acordo com a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), a utilização do biodiesel pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 94%, em comparação ao diesel comum.

A produção nacional reflete esse avanço. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Brasil atingiu em agosto de 2025 um novo recorde de produção: 924,5 mil m³ de biodiesel, um crescimento de 5,5% em relação a julho. Impulsionado pelo mandato B15, o setor deve superar 9,8 milhões de m³ em 2025, consolidando o país entre os maiores produtores do mundo.

Além disso, o biodiesel produzido a partir de gordura animal pode ser utilizado em sistemas de aquecimento de granjas de aves e suínos, criando um ciclo produtivo ainda mais integrado e eficiente.

Como funciona o aproveitamento na prática: exemplos no Brasil

Gordura suína: cada suíno produz cerca de 8 kg de banha, suficiente para gerar até 750 ml de biodiesel por quilo. A transesterificação deve ser catalisada por agente ácido, e o pré-aquecimento ajuda a reduzir a viscosidade.

Sebo bovino: o Brasil produz 1,56 milhão de toneladas por ano, e cada quilo pode gerar 800 ml de biodiesel. Misturas com óleo vegetal ajudam a diminuir o ponto de congelamento, tornando o processo mais eficiente e econômico.

Considerações finais

O aproveitamento da gordura animal para a produção de biodiesel é um exemplo concreto de como a inovação pode transformar desafios ambientais em oportunidades sustentáveis. Ao converter um subproduto em fonte de energia limpa, o setor contribui diretamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para o fortalecimento da economia circular.

A utilização das gorduras animais nesse processo reforça o papel estratégico da reciclagem e do reaproveitamento dentro de um modelo produtivo que busca eficiência, valor agregado e menor impacto ambiental.

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